Se há coisa que eu quero, e sempre quis, é ser mãe! Desde pequenina que idealizava os meus filhos, principalmente a minha Lilly (sim, pelo menos um nome está escolhido)! O sonho de casar com o príncipe encantado, ter uma linda casa, pelo menos 4 filhos e os meus animais, sempre esteve muito presente na minha vida. Ter uma relação de mãe-amiga com eles, viajar, mostrar-lhes o mundo. Educar as minhas crianças para serem cidadãos respeitosos, íntegros, honestos, dedicados, humildes, trabalhadores e, acima de tudo, felizes (características que eu acho que fazem muita falta nos dias de hoje).
E queria fazer isto relativamente cedo, porque acredito que quanto maior for a distância de idades entre pais e filhos, maiores são os conflitos e menor a cumplicidade.
Pois bem, a cada dia que passa esse sonho torna-se menos visível.
Já cheguei à conclusão que o príncipe encantado (tal qual eu imaginava) não existe (claro que admito que ele possa ter outros "contornos" e eu até já o ter encontrado).
Por outro lado, as opções que fiz na minha vida, a nível profissional não me vão permitir realizar o meu sonho tão cedo. Tenho 23 anos, acabei a licenciatura em direito (que não é nenhum curso de 3 anos que se faz em cima do joelho), optei por fazer um mestrado que no mínimo vai me ocupar este ano civil, e depois disso...só Deus sabe.
Esse é o problema das mulheres: optar, somos sempre obrigadas a optar. Tenho imensas vezes estas discussão com o meu irmão (que gosta bastante de me atiçar para, nas palavras dele, "desenvolver o meu espírito crítico"): ele diz que todos temos de optar, independentemente de sermos homem ou mulher (ou qualquer um dos outros 5 sexos que supostamente ainda por ai). Eu acredito que todos temos de optar na vida, certo, mas os homens não têm de adiar a vida familiar deles em prol do trabalho como as mulheres, pelo menos as que almejam algum sucesso profissional. Senão vejamos: vou-me candidatar a um emprego, recém licenciada e o recrutador (como é habitual) pergunta -"pretende ter filhos num futuro próximo?", Silk responde - "Sim claro"; ora a partir de aí, o mais provável é ter perdido o emprego para o homem que for entrevistado a seguir a mim, porque a ele, ter filhos ou não, tanto se lhe dá, porque não vai ficar gordo, com prováveis problemas de saúde, não vai ter de ir ao médico, nem parir a criança, nem ficar em casa quando ela estiver doente, etc etc. E claro que vocês me vão dizer: oh Silk, isso não é bem assim, o homem também pode fazer isso tudo (menos parir a criança, claro). Pois pode, têm toda a razão, mas o que é certo é que o recrutador nem vai por essa hipótese e nem se vai preocupar em perguntar.
E isto sem entrar por todas as outras discriminações de que as mulheres são alvo. De qualquer forma, já me alarguei mais do que o previsto nesta parte da "opção".
Voltando ao cerne da questão: hoje, pela primeira vez, apercebi-me que antes dos meus 30 anos, não poderei pensar seriamente na minha Lilly e isso deixa-me profundamente triste!
(mil desculpas, mas no meio de tanto trabalho, tive de "desabafar")